Para
mim prima é mesmo que irmã, a gente respeita, mas Bela, sei lá!, tinha uns
rompantes que até me assustavam. Naquela noite, por exemplo. Eu me embalava
distraidíssimo na rede. Desde menino que durmo pouco, a Bela estava careca de
saber e quando menos espero quem é vejo diante de mim? A Bela. A Bela dormia de
pijama, minha tia achava camisão indecente, que pijama protege, a menina pode
se mexer à vontade, frioleiras de velha. Pois a Bela me aparece apenasmente de
blusa de pijama! Não entendi, francamente. e se não estivesse como estava
acordado, poderia até imaginar que sonhava: a Bela ali de pijama decepado. Só
para provocar como me provocou, que logo fiquei agitadíssimo, me virando e
revirando na rede, e a Bela feita uma estátua, nem uma palavra dizia, à espera
eu acho de atitude minha, mas cadê coragem?, que conforme disse prima é irmã, e
de irmã não se olha coxa, não se olha bunda, irmã pode ficar pelada que a gente
nem enxerga peitinho, cabelinho, nada. A danada da Bela sabia muitíssimo bem o
que estava fazendo, que chegou um ponto que não suportei semelhante sofrimento,
a dois metros da dona de um corpo fantástico.
Me levantei da rede e me senti
empurrado para os braços da Bela, que sem mais aquela me estrangulou que nem
apuizeiro, e hoje penso que ela só esperava mesmo que me levantasse da rede,
porque tudo o mais foi com ela, começando por me levar pelo escuro como guia de
cego e sem nenhuma-nenhuma cerimônia deitou-se comigo na cama, que depois é que
eu soube que os titios tinham saído, a gente estava só em casa e eu bestando na
rede, quando bem podia estar há tempos naquele céu. A única coisa que fiz mesmo
foi tirar a blusa do pijama dela e mais nada, que ela cuidou do resto,
professora, mais que escolada, e para começar espetou-me com os peitinhos num
abraço que quase me mata. A Bela tinha prática, um fogo tremendo. E começou a
maior das confusões, eu nuínho também, que nem sabia o que era minha perna e
perna da Bela, as mãos da Bela me amassando a ponto de deixar em carne viva o meu
bilu-bilu, que parece que ela estava com raiva do meu bilu-bilu, mas não era
raiva e sim uma aflição que deu de repente na diaba da minha prima, que queria
fazer tudo ao mesmo tempo, mas tinha só duas mãos, pegava no meu troço,
largava, pegava de novo, se esfregava e parava de se esfregar. Agora vejo que
não era prática coisíssima nenhuma da Bela, mas uma comichão que se alastrava
lá nela.
De repente parou, a respiração cortada em miudinhos, dando a impressão
de que tinha brincado a tarde toda de juju. E eu, lógico, parei também e
ficamos feitos dois patetas, olhando o teto, quer dizer, a Bela é que olhava o
teto, que eu não sabia se tínhamos terminado, se me vestia e ia embora para a
rede. Nós estávamos colados, braços, coxas e pernas, de alto a baixo, parece
que eu estava com uma febre de quarenta graus ou mais. Me sentia ótimo, ela
podia olhar o teto o resto da vida e aí eu fechei os olhos e flutuava
lele-leve, não sentia nada por baixo de mim, é como se estivesse voando, fora
da cama, como se por baixo não houvesse coisa sólida, só ar. Foi quando a Bela
virou-se para mim e começou a passar as unhas pela barriga me causando uma
friagem e umas cócegas e pegou desta vez com uma delicadeza que até me
espantou, o meu negócio inchadíssimo, parecendo que tinha sido picado por um
enxame de cabas. Ela olhava para ele de muito perto, virava e revirava o
cartuchinho de carne, um picolé quente, que não derretia. Percebi indecisão na
Bela. E então falou a única palavra naquela noite, uma palavra só, palavra de
três letras, que eu morro e não esqueço essa palavra:
“Vem!”
Ora,
a Bela tinha cada uma! "Vem." Ir aonde se eu estava ali? Ela falou
"vem" muito, muito delicadamente, me puxou e eu tudo deixava, deixei,
fui deixando, a Bela pelo visto sabia muito bem o que estava querendo.
“Vem." Ela me guiou que eu não sabia nem a décima parte da missa, às vezes
se .impacientava com a minha santa burrice e para a Bela deve ter sido um
trabalho dos seiscentos, mas ela insistia e insistia, acabou me botando de
bruços por cima dela. Aí abriu as pernas e eu fiquei feito um bobo naquele
espação sem saber o que fazer. A Bela fez tudo, tudo,.e gemia como se doesse e
devia doer. Foi quando percebi que uma cortina de papel se rasgava e eu entrei
por um corredorzinho ensopado. Aí deu nela um nervoso, sei lá o que foi!, ela
me empurrou, me expulsando com raiva, eu mais que depressa saí, que não era
nada besta de contrariar a Bela. Então percebi uma bruta mancha no lençol. O
lençol tinha bem no centro um laguinho de sangue.
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