sábado, 28 de dezembro de 2013

AS MÃOS ASSASSINAS DE BENJAMIN BREEG (de Bosco Silva)




Conto inspirado na música The Reincarnation of Benjamin Breeg da banda Iron Maiden.


PARTE 1 – HARRY E SEUS NOVOS ANTEBRAÇOS

Quando o telefone tocou, naquela madrugada, foi para uma agradável surpresa:

- Alô – com sua prótese mecânica, Harry atende com enorme dificuldade o telefone.
- Harry, aqui é seu médico, temos uma boa notícia para você. Recebemos a notícia de um doador, que tem aproximadamente a sua idade e o mesmo biótipo seu. Precisamos que você esteja no hospital imediatamente.
- Esta é uma agradável surpresa para mim, doutor. Estarei o mais rápido possível, aí.

Havia seis anos que Harry havia perdido os antebraços em um acidente automobilístico. E nesses seis anos, muitas foram às vezes que tentara o uso de várias formas de próteses, mas os resultados nunca foram os melhores: elas machucavam seus braços. E por mais que tentassem imitar o formato e a cor da pele humana, sempre alguém lhe perguntava se queria ajuda, ou quando tinha perdido os antebraços. De modo que aquelas próteses estavam longe de substituírem verdadeiramente seus antebraços. Por isso, tinha entrado para o programa de transplante de membros humanos. Um programa que se iniciava e que ainda estava em testes, pois o perigo de rejeição de tecidos era enorme; além da dificuldade, claro, de se encontrar um doador que tivesse as mesmas características de quem receberia seus membros.



A cirurgia foi um sucesso, e logo Harry estava pronto para começar sua série de seções de fisioterapia. 

A possibilidade de rejeição lhe obrigaria a tomar medicamentos para o resto de sua vida, pelo menos enquanto não houvesse outro modo melhor. E os meses de fisioterapia se passavam com enormes progressos, muito acima das expectativas. Porém, foi quando coisas estranhas começaram a acontecer...

A primeira sensação estranha que sentiu, ao mover suas mãos e cariciar sua esposa, foi como se quem a cariciasse não fosse ele, mas outra pessoa. Havia nisso um misto excitante de alegria, por ter de volta o poder de cariciar novamente sua jovem esposa, com mãos verdadeiras, e a sensação de traição, por estas mãos serem de outro homem. Sensação que Harry, com passar do tempo, não podia negar que apimentava seu relacionamento, trazendo um elemento novo para seu tão desgastado casamento.

Contudo, mesmo com todas essas pequenas dificuldades de readaptação, sua vida transcorria agora em alegria, com sua esposa sempre pronta a lhe reconfortar a qualquer hora.

- Helen, você se lembra de como eram as palmas das minhas mãos antigas?
- Sim, querido. Eram como essas – com Helen a cariciar suas novas mãos.
- Não falo do formato, mas sim de suas linhas. Não tinham uma linha da vida menor?
- Sim, querido, me parece que sim. E agora são melhores, você não acha? Significa que você viverá muito mais!
- É. Pena que não foram de muita serventia para seu antigo dono.
- Mas para você será.


A vida transcorreria normal para Harry, se não fosse alguns pequenos inconvenientes.

Harry passou a se masturbar muito, bem mais que antes. E ao acordar quase sempre tinha a mão sobre o seu sexo, ou de sua esposa. O que para ele era natural, já que se devia ao ato de ter de volta tais possibilidades, mesmo que só fossem possíveis por mãos alheias, sendo, por isso, extremamente perturbador, já que o deixava demasiadamente confuso, pois era como se as mãos estivessem descobrindo seus corpos. O que o levou a consultar um psicólogo.

- Bem, senhor Harry, alguns pacientes parecem sentir que ao receberem partes de corpos que não são seus, também juntos destes lhes parecem vir uma parte da personalidade de seus antigos donos. Isso me parece ser, sem sombra de dúvida, um produto de suas mentes, de suas imaginações. O que não deve lhe preocupar. E assim como há uma readaptação destes órgãos aos corpos de seus novos donos, deve haver também uma readaptação psicológica de seus novos donos a eles. O que pode ser ilustrado, claramente, no caso de membros amputados, em que o paciente continua sentindo dor mesmo após os membros terem sido amputados. Com o tempo, portanto, estas sensações devem desaparecer. Não se preocupe – disse-lhe o psicólogo.

Por mais que tais palavras fossem confortadoras, e de um especialista, a sensação de ter partes de outra pessoa era uma idéia estranha. E Harry sempre achou que poderia vencê-la e se adaptar a esta nova realidade dos tempos modernos. Mas a verdade é que Harry sentia-se cada vez mais impressionado com o fato. Não poucas vezes tentou imaginar o velho dono de tais partes, chegando mesmo a sonhar com tal fato. Um sonho recorrente passou a dominá-lo nesta época, em que o morto, sem braços, vinha-lhe pedir seus antebraços de volta. Harry acordava em pânico.

Foi também nesta época que um novo comportamento estranho começou a dominá-lo.

Durante suas relações sexuais com sua esposa, o clímax de tal ato era inevitavelmente acompanhado pela esganadura da esposa, por suas novas mãos. Tais atos deixaram-no profundamente preocupado e triste, ao ponto de evitá-la, sempre. E embora as palavras do psicólogo, não obstante, ecoassem em sua mente, a idéia anterior ainda lhe perturbava terrivelmente. O que o levou ao desejo mórbido de conhecer a história do dono de tais mãos.

Contudo, esta tarefa não era nada fácil. O hospital possuía uma política extremamente forte de privacidade. Os doadores tinham seus nomes, como o resto de seus dados, guardados sob sete chaves. Porém, não parecia a ele ser de tal forma que não pudesse ser tentado, ou que não pudesse ser comprado.


Harry lembrou-se então de um velho amigo de escola, exímio arrombador e que agora se entregara integralmente ao uso de tal arte, Thomas Shubb. E imediatamente pôs-se a procurá-lo, encontrando-o em um bar.

- Oi, Shubb, como vai?
- Ao sabor das estações. Soube que sofreste uma operação, qual foi?
- Transplante.
- Transplante! Coração?
- Sim.
- Menos mau.
- Por quê?
- Pior seria algo que mantêsse contato com outra pessoa, como um pênis, por exemplo. Não suportaria; seria como se houvesse outro entre eu e minha parceira, embora minha mulher, certamente, adoraria. Sabe como é, não pelo tamanho, mas pela novidade, após alguns anos elas tendem a desejarem outros – disse Shubb ostentando tímido sorriso amarelo nos lábios.
- Sim, mas a questão é outra.
- Diga.
- Gostaria que fizesse um trabalho para mim.
- Somente um trabalho sujo traria você até mim, Harry. Se é sobre sua mulher, perdoe meu comentário antes – com Shubb ostentando novamente um novo sorriso amarelo nos lábios e pensando que se tratasse de um caso de traição.
- Não há de quê; o assunto é bem outro, embora a hipótese do trabalho sujo você tenha acertado em cheio!
- Então, diga.
- Gostaria que você obtivesse o nome do doador. Seus dados só podem ser obtidos de forma ilegal.
- Política de privacidade. Não aceitam devolução, hein? – risos.
- Gostaria muito de agradecer à família. Seria possível?
- Nada que um bom dinheiro não compre.
- Evidentemente. Quanto?
- Dez mil dólares. Metade antes metade depois.

Harry assinou um check e, junto com seus dados, deu-o a Shubb.

- Bem, nos encontraremos brevemente, Harry.
- Então, tenha uma bela noite!
- Igualmente.


Os dias transcorreram, sem nenhuma novidade, com Harry e seus inconvenientes, até que finalmente Shubb ligou:

- Alô, Harry, venha cá imediatamente, no mesmo lugar; traga o pagamento, temos novidade.

Harry pôs-se imediatamente à caminho, e com a ajuda de um táxi estava agora no lugar escolhido.

- Quais são as novidades, Shubb?
- Bem, antes quero que saiba que não foi nada fácil. A coisa, mesmo, é bem guardada, mas nada que alguns subornos, e arrombamentos, não resolvessem.
- Qual o nome?
- Seu nome era Benjamin Breeg. Um doador da cadeia de Cottonfield – disse Shubb, e continuou:
- Bem, parece que o cara não era um bom sujeito: foi morto na cadeira elétrica. Pelo menos, pode-se dizer que você ganhou uma carga nova de energia, literalmente, de vida, não acha Harry? – com Shubb às gargalhadas.
- Bem, tome seu pagamento.
- E aqui está todas as informações que me foram possíveis.
- Obrigado, Shubb.
- Boa sorte com sua nova família.
- Como?
- Com a família do doador.
- Ah, sim, claro, claro...

Enquanto Harry ia em busca de um novo táxi, algumas coisas agora pareciam fazerem sentido, como as marcas leves que haviam em seus pulsos, ou melhor, do morto. Pareciam serem de queimaduras, como aquelas que se viam em filmes, ou mesmo em documentários, sobre pena de morte na cadeira elétrica, devido a condução da eletricidade por meio das gotas de suor.

Harry entendia agora ainda mais porque tudo era feito sob extremo sigilo. Era muito fácil alguém se impressionar com a história do morto. Parecia que ele não tinha dado a devida atenção às palavras do psicólogo. Afinal, qual a diferença que havia entre as mãos de um assassino e as que eram suas? Todas foram ou eram agora comandadas pelo mesmo cérebro, seu, e isso que agora importava. Todas eram apenas instrumentos de algo mais importante, onde, de fato, residia a consciência, a personalidade e a vontade. Além do mais, o tratamento ia tão bem, ele podia fazer coisas que antes não poderia, coisas simples, mais extremamente importante, como escovar os dentes, ou acariciar sua bela esposa. E havia também a possibilidade de outros como ele, se darem bem. Não era correto atrapalhar uma pesquisa que ia tão bem, com seus medos infantis. E talvez Shubb não fosse um idiota completo, Helen nunca tivera outro homem, casou-se com seu primeiro namorado, e a possibilidade de estar com um homem que é a mescla de um outro, talvez atiçasse inconscientemente suas taras, como um ménage atroi inconsciente... mas isso é algo doentio, mórbido, pois isso é o  mesmo que transar com um morto, ou pelo menos com as partes de um, é pura necrofilia! – pensou.

Harry nunca pensara nisso, nunca meditara sobre tantas possibilidades, ou perversidades conseqüentes, talvez a possibilidade de ter uma vida normal obscurecia todas elas. E era nisso apenas que devia pensar agora.     

Então, Harry, ao chegar em casa, desprezou aquele papel dentro de um fundo escuro de uma gaveta qualquer.


PARTE 2 – “O MÉDICO E O MONSTRO”

Os dias seguintes se passaram em tranqüilidade, embora Harry soubesse que se devia muito mais a sua atitude de evitar aborrecimentos que propriamente à naturalidade.

Seu contato com a esposa diminuíra muito, já que tentava a todo custo não machucá-la, e para tanto, esperava que esta fase ruim de sua vida passasse sem danos. Para ele era apenas uma questão de tempo, de readaptação à sua nova vida.

Porém, houve um dia que Harry acordou com ondas de calor pelo corpo, e com o desejo irresistível de fazer sexo. Com sua esposa não poderia, já que temia machucá-la. E, assim, pôs-se imediatamente à procura de alguém, que satisfizesse seus desejos incontroláveis.

Naquele dia, Harry se relacionou com várias mulheres, pagando-as várias vezes. E embora, nada parecia satisfazê-lo, isto, tornou-se, para ele, um vício irresistível.

Com passar do tempo, Harry conseguia cada vez menos satisfazer-se. Em alguns dias, não conseguia se satisfazer nem com dez mulheres. Tinha relações sexuais até seu pênis ferir e sangrar.

Durante uma de suas fugas noturnas, Harry avistou de seu táxi, uma jovem mulher solitária que aguardava seu ônibus. Desceu do táxi, pois teve a idéia de convencê-la a sair com ele. Sob a recusa da mulher, Harry esganou-a ferozmente, causando sua total inconsciência.

Ele não podia acreditar no que tinha feito, sob um misto de inconsciência e prazer, a teria matado, estuprado e a carregado, sobre os muros e telhados das casas que abundavam em tal lugar, com a força de suas mãos, que agora pareciam terem duplicado. E mesmo estando inconsciente, desenhou nela símbolos que lhe pareciam serem incompreensíveis, em seu corpo nu.


Harry, então, descobriu que o que mais o excitava era quando resistiam à sua investida, à sua cantada, ou ao seu dinheiro. Isto, para ele tinha um sabor especial, a violência era um poderoso afrodisíaco, agora, para ele.

A partir de agora, ele era uma criatura noturna que se esgueirava atrás de novas presas, pelas ruas poucas movimentadas, que abrigavam um grande número de prostitutas da cidade. Era uma espécie de versão nova de “O MÉDICO E O MONSTRO”, ou de JACK, O ESTRIPADOR, uma criatura dupla que trazia em si um instinto incontrolável e demoníaco, com uma parte negra que tentava incansavelmente dominá-lo.

Ele estivera enganado, suas mãos agora pareciam comandá-lo, pareciam terem vontade própria, e por mais que tentasse dominá-las, não conseguia. O seu lado negro parecia cada vez mais comandá-lo.

Suas novas mãos sabiam matar, e nada podia ser feito por si próprio para ajudá-lo, as mãos lhe interrompiam. Mesmo quando tentava relatar seus novos segredos, as mãos lhe impediam, com movimentos bruscos, tapando-lhe a boca, mantendo-o imóvel, ou causando-lhe dores insuportáveis pelo corpo.

Harry tentara escrever, inutilmente, um recado para Helen, e em vão adormeceu sobre a escrivaninha... Ao acordar sob pequenas tapas em seu rosto, imaginou serem de sua esposa, mas as tapas vinham de suas novas mãos, que sacudiam-no, tentando acordá-lo.

As mãos puseram-se, então, a escrever-lhe um recado, ao qual Harry leu estarrecido:

Eu sou Benjamin Breeg. Preciso de seu corpo e de novas almas.



Havia noites que matava duas, três, prostitutas por noite, sempre com seu mesmo “modus operandi”, estrangulava, desenhando símbolos enigmáticos por seus corpos.

Sua vida mudara totalmente; sua vida social se resumia agora apenas em freqüentar as ruas escuras e estreitas da parte mais baixa da cidade. Seu diálogo com Helen se resumia apenas à frases monossilábicas. O que certamente despertou a preocupação da esposa, mas para Helen era apenas um período que Harry clamava por privacidade, para poder botar as coisas em ordem. Porém, o que Helen não sabia era que seus crimes se multiplicavam a cada dia, com seus crimes ganhando notoriedade, principalmente da imprensa.

Até que, ao sair para o trabalho, Helen ouvi, a seguinte notícia, no rádio:

Assassinatos se sucedem com enorme freqüência nos bairros pobres da cidade. Mulheres, em sua grande maioria prostitutas, são mortas estranguladas, e têm seus corpos tatuados.

O modo de agir do assassino, ou mais provável dos assassinos, se assemelha muito ao modo de agir de Benjamin Breeg, mais conhecido como “O Tatuador”, morto na cadeira elétrica de Cottonfield.

Breeg tatuava suas vítimas com símbolos esotéricos, após estrangulá-las e estuprá-las.

A polícia não descarta a possibilidade de que fanáticos, ou admiradores de Breeg, estejam por trás de tais crimes, já que o esforço expedido para tais crimes supera a força de um homem.



Helen também ouvira no rádio que os ataques sempre aconteciam à noite, e subitamente lembrou-se das misteriosas saídas do marido; lembrou-se também que algumas vezes Harry ostentava marcas no pescoço, como provocadas por unhas, ou algo parecido.

Sentiu-se culpada por tal associação em um momento tão frágil de suas vidas, mas nada podia evitar associá-las, como as manchas de tintas que Harry trazia em suas camisas.

Helen foi para o trabalho extremamente pensativa.

Ao chegar em casa, lembrou-se que dias atrás Shubb tinha ligado. Fazia anos que Harry perdera seu contato, por isso imaginou do que se tratava.

Sabia da vida conturbada que Shubb vivia, o que aguçou ainda mais sua curiosidade.

Ao procurar por uma agenda telefônica, encontrou, por acaso, o papel que Shubb havia entregado. E ao pegá-lo, leu assustada, que seu doador era o assassino Benjamin Breeg.

Por alguns instantes, não pôde acreditar, mas todos os dados estavam corretos: as datas, o hospital, o médico, etc. Tudo estava exato e correto. Tudo em seu devido lugar. Até mesmo o número e o nome de Thomas Shubb. Agora sabia por que Harry o contactara.

Seriam meras coincidências ou Harry teria incorporado a mente doentia e assassina de Benjamin Breeg. Havia um modo melhor de saber:

Imediatamente pôs se a ligar e contactar Thomas Shubb...

Encontraram-se, então, em uma parte remota da cidade.

- Shubb, sei que você fez um trabalho para o meu marido.
- Trabalho, Helen?
- Vamos, não adianta mentir, tenho-o em mãos, veja – Helen tirou-o de sua bolsa, mostrando-o.
- Sim. Mas calma Helen, a discrição é a chave de meu trabalho. E como vai Harry?
- Gostaria que fizesse um trabalho para mim. Gostaria de saber tudo sobre quem foi Benjamin Breeg.
- Por quê?
- Harry está impressionado com os últimos fatos.
- Sim, eu sei, há um grupo de assassinos que estão matando em nome de Benjamin Breeg. O cara tinha discípulos.
- E é fácil alguém se impressionar com isso.
- Ligarei assim que tiver notícias, Helen.


PARTE 3 – O DIÁRIO DE BENJAMIN BREEG

Enquanto Helen passava as últimas horas aguardando ansiosamente uma ligação de Thomas Shubb, Harry lutava ferozmente, com o que ainda restava de seu eu, contra o lado negro de sua mente...

Após alguns dias, Shubb ligou, e conversaram em um bar distante da cidade:

- Benjamin Breeg foi um homem atormentado, que minutos antes de morrer na cadeira elétrica de Cottonfields, jurou que voltaria, novamente – disse Shubb, com a voz baixa. – Ele era mesmo um homem esquisito, não aparentava a idade que tinha, pelo menos foi o que disse o senhor que tomava conta das casas, entre as quais a que morou, antes de Cottonfields.

Praticava estas coisas esquisitas, como magia sexual. Acreditava que através do sexo a alma podia se libertar, ou tornar-se cativa. Morrer para ele era libertar-se, por isso acreditava estar fazendo um favor para aqueles que escolia.

Foi preso pela morte de uma jovem que lhe implorou ser morta; Breeg a matou após ter tido relações sexuais com ela. O júri não acreditou em seus argumentos, também não acreditaram que fosse um homem louco. Foi condenado por estupro seguido de morte.

Muitos o consideravam um mestre, um homem bastante inteligente e sábio, um discípulo tardio de Aleister Crowley. Todos que o conheciam o amavam.
    
Desde menino, diziam que possuía poderes sobrenaturais, como o poder da clarividência. Via imagens atormentadoras, em seus sonhos, sobre o futuro da humanidade. Ficou órfão muito cedo, seus pais morreram em um incêndio na própria casa, alguns dizem que devido aos seus próprios poderes, pois Benjamin estava lá, e nada sofrera.


Portanto, Helen, não há razão para tanta loucura, a loucura estava apenas na mente de Benjamin Breeg, não em seus braços.
- Sim, obrigada Shubb. Quanto lhe devo?
- Não há de que Helen fica pelos velhos tempos. Dê lembranças à Harry.
- Ok.
- Ah, já ia esquecendo, Benjamin escreveu alguns livros, tome este livro de notas que encontrei em meio das coisas do velho senhor, pode lhe ser útil.
- Sim, Shubb, obrigada.

Em quanto Shubb se dirigia ao seu destino, Helen pôs-se a folhear as folhas do velho livro de Benjamin, vendo os mesmos símbolos que tinha visto nos jornais, desenhados nos corpos mortos de suas vítimas.

Ao retornar à sua casa, vê Harry deitado sobre a escrivaninha, como de costume. Vê aquela maldita mão ostentando sua aliança de casamento. E ao ver aquele dedo indigno a carregar tal símbolo, lembrou-se de como era suas vidas, antes que Benjamin Breeg se interpo-se entre elas. Subitamente um ódio extremo subiu-lhe a alma, e um pensamento fixou-se em sua mente, imaginando que havia um modo de retornar aquela paz antiga. Dirigiu-se, então, para a cozinha pegando um belo facão que ganhara de casamento. Parecia-lhe que quem lhe dera havia premeditado seu uso naquele dia. Aproximou-se e desferiu golpes e mais golpes, naquela mão indigna, fazendo com que os dedos voassem por sobre sua cabeça, e Harry acordasse aos gritos.

Harry levantou-se, desarmou-a e estrangulou-a, com a força de dez homens, matando-a instantaneamente. E pôs-se em fuga.



Antes de pegar a auto-estrada, parou o carro de Helen para tomar um ultimo drink, em um bar à beira da estrada que o conduziria para fora da cidade.

Ao passar pela porta, que conduzia aos banheiros, foi inadvertidamente esbarrado de modo brusco por uma mulher que acabara de sair do banheiro.

- Desculpa, posso lhe ser útil – vendo a jovem a mão mecânica que Harry voltava a usar em sua mão esquerda. – Meu nome é Elizabeth Denver. E o seu?
- Meu nome é Benjamin Breeg – batendo a porta bruscamente em seguida.


THE REINCARNATION OF BENJAMIN BREEG

Tradução: A reencarnação de Benjamin Breeg

IRON MAIDEN

Deixe eu te contar sobre minha vida
Deixe eu te contar sobre meus sonhos
Deixe eu te contar sobre coisas que aconteceram
Tudo é tão real para mim

Deixe eu contar sobre a minha esperança
Sobre minha necessidade de alcançar o céu
Me deixe te levar em uma desgraciosa jornada
Me deixe te dizer o porque

Porque estas maldições tiveram que ser impostas sobre mim?
Eu não serei perdoado até eu poder me libertar
O que fiz para merecer toda esta culpa?
Eu pago pelos meus pecados com a venda da minha alma
Demônios estão presos dentro da minha cabeça
Minhas esperanças se foram, eu tento alcançar o Paraíso e o Inferno

Meus pecados são muitos, minha culpa é pesada demais
A pressão de saber, de esconder o que eu sei
Sou capaz de ver coisas, coisas que não quero ver
As vidas de milhares de almas pesam sobre mim

Sei que eles clamam por ajuda e tentam me alcançar
O fardo deles irá me levar para baixo também
O pecado de milhares de almas não morreram em vão
Reencarnação minha, viver novamente

Alguém para me salvar
Algo para me salvar de mim mesmo
Para trazer salvação
Para exorcisar esse inferno

Alguém para me salvar
Algo para me salvar do meu inferno
Um destino
Fora deste pesadelo

Alguém para me salvar
Algo para me salvar de mim mesmo
Para trazer salvação
Para exorcisar esse inferno


GOSTOU?

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

ENTREVISTA COM MÔNICA MATTOS (por Demonia)



Monica Mattos, que nasceu no dia 06 de novembro de 1983 em São Paulo, é a mais importante atriz de filmes adultos do Brasil. Iniciou a carreira aos 18 anos de idade, por influência de uma amiga que a apresentou a um produtor, tendo realizado mais de 300 filmes por diversas produtoras nacionais e internacionais.Em 2008 se consagrou como a primeira latino-americana a vencer o AVN Award 2008 (prêmio mais importante da indústria pornô mundial) na categoria "Female Foreign Performer of the Year" (performance feminina estrangeira do ano).



A rainha dos filmes adultos foi estrela do video "Cinderela", do rapper Cabal, em 2008. Ela faz o papel de uma dançarina e passa o clipe praticando pole dance de uma maneira linda e muito sedutora.
Em 2010, conforme já comentamos no post Por Que Amamos...CARNE PODRE!!!, Monica Mattos atuou como protagonista no curta de terror: "Zombeach", de Newton Uzeda, apresentado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão.



Monica Mattos também dá uma de Scream Queen em "Driller Killer", de Rodrigo Freire, horror de três minutos lançado em 2011 no YouTube, no papel de uma jovem perseguida por um assassino cuja arma é uma furadeira. O curta é uma homenagem aos filmes slasher.



Confira abaixo a entrevista que Monica Mattos concedeu com exclusividade ao blog She Demons Zine:
Como foi a sua infância? O que você mais gostava de fazer/ler/assistir? Nessa época já sonhava em ser atriz?
Eu me lembro de brincar muito com a minha irmã, gostava muito de brincadeiras de meninos, carrinho, jogar bola, andar de skate, não gostava muito de TV, só assistia desenhos. Nunca sonhei em ser atriz, quando criança queria ser policial.
Lembra do seu primeiro contato com filmes de horror? O que você assistiu?
O primeiro filme de terror que me lembro de ter visto foi O Exorcista, na época eu tinha 10 anos, fiquei fascinada por terror desde então...
Como surgiram os convites para estrelar Zombeach e Driller Killer?
Entraram em contato comigo através do Orkut, e me interessei logo de cara por ser um trabalho novo e porque adoro filmes de terror.
Zombeach foi produzido para homenagear filmes de terror clássicos das décadas de 70 e 80. Driller Killer é uma homenagem  aos filmes slasher e  lembra Sexta Feira 13 e Halloween com algumas pitadas de Massacre da Serra Elétrica.  Você costuma assistir filmes de terror dos anos 70/80, e curte filmes estilo Massacre da Serra elétrica?
Sim, adoro Sexta Feira 13, vi todos!
No filme Zombeach é você quem ataca, ou seja, é a vilã. Já em Driller Killer você é a vítima. Quais das personagens você sentiu mais facilidade em fazer? Preferiu agredir ou ser agredida?
Ser a “vilã” é sempre mais interessante (em qualquer situação) rss
Como foi a sua preparação para as personagens de Zombeach e Driller Killer? Fez algum laboratório?
Não teve nenhuma preparação, recebi um roteiro e desenvolvi a personagem em cima dele.
No filme Zombeach, sua personagem, quando zumboa, tem um jeito de caminhar totalmente diferente dos zumbis que estamos acostumados a ver nos filmes do genero. É como se, ao se tornar zumbi, a mulher voltasse as suas origens primitivas, onde tudo o que importa são as necessidades básicas do ser. De onde surgiu essa idéia? Essa criação foi sua, consciente ou inconscientemente,  ou o diretor do filme lhe instruiu para agir daquela forma?
Não sei, acho que eu me inspirei na zumboa que existe dentro de mim, Rss... Ela andaria daquela forma, nada de se rastejar!! Rss.





O fato de ter participado de dois filmes de terror recentemente será um divisor de águas na sua carreira? Quais seus projetos futuros?
Foi divertido, uma experiência nova, curti muito e se eu for convidada novamente aceitarei com certeza.
Além do seu trabalho como atriz, você se dedica a alguma outra atividade artística?
Faço shows de strip tease e pole dance.





Você tem vontade de fazer algum outro genero de filme? Qual o papel que você adoraria fazer? Há algum ator/atriz ou diretor em particular com quem você gostaria de trabalhar?
Acho que fazer uma comédia seria interessante, pois é outro gênero que gosto muito, admiro vários atores, atrizes, diretores... Mas nenhum em especial.
Os filmes de terror tem uma grande legião de fãs. Por qual motivo, na sua opinião, as pessoas curtem tanto esse gênero? Você acha que o medo pode ser uma boa sensação?
Com certeza, o medo e o terror podem despertar sensações incríveis!
O que te dá medo?
Saber que posso perder as pessoas que eu amo.
Você gosta de ser famosa?
Sim.
Em algum momento a fama atrapalhou?
Por enquanto não, rss.
Como é o dia-a-dia de Monica Mattos? Conte-nos algumas coisas divertidas que você gosta de fazer.
Adoro sair à noite, me sinto mais viva, e tudo parece mais interessante à noite! Gosto de baladas com música eletrônica e rock, barzinhos... Quando estou em casa gosto de ler.
É fácil manter uma rotina rígida de beleza no meio da correria? Quais são os cuidados que você não abre mão?
Gosto de me cuidar, acho que toda mulher precisa ter um pouco de vaidade e andar sempre arrumadinha, perfumada... Toda semana perco um dia inteiro no salão e saio de lá “me achando” rss... Já fiz algumas cirurgias plásticas e quando achar necessário farei outras, só não tenho paciência pra ir à academia.
A facilidade de comunicação hoje afasta ou aproxima as pessoas? Com a internet ficou mais fácil encontrar alguém para relacionamento amoroso? Aliás, você está namorando?



Acho que ficou ainda mais difícil, pois através da internet as pessoas “se mascaram” e se mostram como querem ser vistas, e não como realmente são,  por isso hoje em dia os relacionamentos são tão artificiais... Ah! Não estou namorando, aliás “Tô pegando nem gripe!!” hahahahahaha
O que um homem precisa fazer para te conquistar? Quais as características que mais te agradam e impressionam?
Em primeiro lugar, não precisa ser homem, pode ser uma mulher, rss... Mas independente disso, tem que ter bom humor e curtir as mesmas coisas que eu.




Quais os tipos de homens que definitivamente não tem chances com você?
Mal humorado, desanimado, mentiroso...
O que te broxa no sexo?
Falta de dedicação, ou faz direito ou nem faz!! Rss
Uma fantasia...
Transar na chuva.
Uma boa trepada...
Com carinho e pegada ao mesmo tempo.
Como foi a sua educação a respeito de sexo, sua família foi mais liberal ou foi repressora?
Sempre conversei com a minha mãe sobre tudo e ela sempre me aconselhou muito, com meu pai já não tinha tanto diálogo, mas também nunca me repreendeu e nem me julgou.



Em poucas palavras, defina Monica Mattos.
Uma pessoa apaixonada pela família, pela vida, que gosta de viver intensamente e não nasceu pra passar vontade! rss
Para encerrar, sinta-se a vontade para dar a sua opinião ou informação que não foi revelada pelas questões anteriores e que considere importante ou simplesmente queira  dizer.
Quero agradecer à vcs pelo convite, gostei muito da entrevista, e agradecer tbm á todos que me acompanham e curtem o meu trabalho, aguardem pois vem muitas novidades por ai! Beijinhos... :)




Ficaram curiosos para conhecer os filmes de terror dessa maravilhosa atriz? Clique aqui (www.zombeach.com) e confira na íntegra o curta Zombeach.




quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

UM BELO BANQUETE DE CARNE HUMANA (de Bosco Silva)



Conto baseado no conteúdo da carta do canibal, e Serial Killer americano, Albert Fish (1870 – 1936), dada à mãe de uma de suas vítimas. Demonstrando que, muitas vezes, a realidade supera as histórias mais bizarras, como estas.

SAN FRANCISCO, Estados Unidos, 1894.
Aqueles eram tempos difíceis: tínhamos que dividir emprego com os milhares de imigrantes que chegavam de todas as partes do mundo, a cada dia. E para dois “velhos” bêbados como nós, as coisas tornavam-se muito mais difíceis. Até que eu, John Smith, e meu velho amigo, Big Jack, encontramos empregos como ajudantes de convés, no navio Steamer Tacoma, do capitão John Davis.
O trabalho era bastante pesado e cansativo, mas nos recompensava: conhecíamos muitas cidades, e mesmo muitos países. E embora nem sempre pudéssemos conhecê-las e nos divertirmos nelas, tínhamos comida e um teto para morar, o que já valia muito.
Em certa ocasião, viajamos de San Francisco para Hong Kong, na China. Ao chegarmos em Hong Kong, encontramos uma cidade desolada, que, logo na chegada, algo nos chamou atenção: não havia nenhum animal de estimação, nem mesmo cachorros, gatos e ratos de rua. A fome obrigava os pobres a comerem tudo que se mexia.
Imediatamente ao desembarcarmos, tomamos um porre daqueles!, sempre evitando comermos o que nos oferecia, com todo o cuidado para não ofendê-los.
*  *  *
Após perdermos a hora, retornamos para o navio, nos surpreendendo ao verificarmos que este já partira. Desolados e bêbados, voltamos para as ruas de Hong Kong, novamente.
Os dias se passavam e não conseguíamos meios para voltarmos, ou irmos para outros países, e muito menos um alimento digno. Até que, por uma questão de sobrevivência, aceitamos a comida que nos era oferecida.
Não sabíamos se era a fome ou o modo como eram preparados, pois cachorro assado não nos pareceu nada mau, chupávamos até os ossos!
Adaptados como já estávamos àquela culinária exótica, daquele país, comíamos sem perguntar a fonte de tais alimentos, até como um meio de evitar nos frustrarmos.
Porém, um dia, após mais uma refeição incrivelmente saborosa, contornei a pequena sala, onde nos era oferecido os alimentos, indo direto para a cozinha.
Ao avistar aquelas panelas enormes de comida, que borbulhavam ao sabor do fogo, não tive dúvidas, e quis saber qual a fonte daqueles maravilhosos pratos. Ao suspender aquela enorme tampa de panela, tive uma enorme surpresa: TRÊS CABEÇAS HUMANAS flutuavam ao sabor das borbulhas, à esmo.


Foi, então, que descobrimos que o que tínhamos comido até então fora carne humana, já que cachorros e gatos tinham acabado há muito tempo.
A fome era tanta, em um país tão populoso quanto a China, que crianças com menos de doze anos eram vendidas, em Hong Kong, como comida.
Nas ruas, crianças nunca estavam seguras. Os pais as escondiam, afim de mantê-las vivas.
Você podia, naqueles tempos, fazer seu pedido, em qualquer restaurante, que imediatamente um menino ou uma menina eram imediatamente fatiados, e trazida a parte de sua preferência: a parte de trás era a parte mais preferida, também a mais cara e a mais doce, era vendida como carne de vitela.


Os meses se passaram até que o gosto por tal comida impregnou nossas mentes. Enfim, ao retornarmos, finalmente, para New York, o desejo por tal carne manteve-se vivo.
Big Jack e eu, a fim de matarmos o desejo por carne humana, raptamos duas crianças, uma de onze, e a outra de sete anos, e as mantínhamos amarradas e escondidas em nosso quarto.
Todos os dias e todas as noites, Jack as espancavam e torturavam, a fim de amaciar suas carnes.


Imediatamente ele matou o mais velho, porque tinha o traseiro mais gordo, e logicamente mais carne. Devoramos toda a carne de seu corpo, exceto sua cabeça, ossos e tripas. Nós os comíamos assado, ensopado, refogado, escaldado, etc. Era uma iguaria como jamais vista, de um sabor indescritível. O menor também teve o mesmo destino, nos proporcionando, por alguns dias, um belo banquete de carne humana!
Após estes, outros seqüestros e assassinatos se seguiram, tanto que logo a polícia estava em nosso encalço. Decidimos, então, abandonarmos o navio e fugirmos para uma ilha deserta, a fim de esperarmos por um clima melhor.


A ilha era pequena, nela tomávamos água de coco e caçávamos alguns pequenos animais.
A fuga do navio ajudou-nos também a despistarmos a polícia, fazendo-os crerem que tínhamos caídos bêbados do navio.
E por mais que caçássemos, o sabor da carne humana era insubstituível, por isso, matei e devorei meu querido e velho amigo, Big Jack.


Se você se assustou com as ilustrações acima, saiba que não são de verdade, trata-se de doces feitos de massa, chocolate e nozes, feitos pelo tailandês Kittiwat Unarrom.



Veja o vídeo sobre essa padeiro muito "louco":



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