segunda-feira, 14 de abril de 2014

MEMÓRIAS SEXUAIS DE UMA BONECA INFLÁVEL



MEMÓRIAS DE UMA BONECA INFLÁVEL

NO PRINCÍPIO EU PODERIA SER QUALQUER COISA DE BORRACHA: um pneu, um isqueiro ou mesmo um colchão inflável; mas o libidinoso desejo dos homens me tornou o que sou, uma boneca inflável.


E assim, uma vez concebido meu fim, meu destino estava traçado: fui dobrada, plastificada, embrulhada, empacotada e, contra minha vontade, posta à venda. E, finalmente, um dia entregue como presente de aniversário.



Ao sair da caixa, para minha surpresa, fui ovacionada, senti-me como um prêmio, fui carregada no colo por todos os presentes por todos os lados; nunca fui tão feliz em minha pobre vida de plástico.
Após o término da festa meu dono levou-me feliz para o quarto. Parecia que minha primeira noite, para qual fui concebida, chegara: eu seria finalmente usada; e enquanto aguardava sozinha por ele, meu corpo de boneca de desejo queimava. Sei que parece um exagero para uma pobre boneca inflamável, mas fui concebida para esse fim e por este momento ansiava.
Ele pôs-me na cama, se serviu de um copo de vinho; tirou minhas roupas e meus sapatos; acariciou meu corpo, sentado ao meu lado; beijou meu rosto; deu-me um nome, dizendo-me, com uma voz fina, que me espantou no momento:
— Ah! mas como estás chinfrim Ana Flávia, vestida assim! Deixa eu ver o que tenho aqui, uuuuhhh — disse-me ele olhando o guarda roupa com aponta do dedo na boca. — Bem, esta parece que vai lhe servir.
E, após vestir-me, para minha tristeza, pôs-me ao lado de outros brinquedos infláveis. Fiquei lá, ao lado de uma baleia e de uma girafa, que enfeitavam o quarto.


Na segunda noite ele entrou novamente no quarto; tirou minhas roupas; meu corpo novamente de desejo queimava; minha pele de plástico se arrepiava; minha boca secara pedindo para que fosse imediatamente lubrificada, mas para meu espanto vestiu-se com a roupa que eu usava. Por fim descobri que meu dono era uma Dragqueem! E que nada podia ser pior para uma pobre boneca inflável do que não ser desejada.
No dia seguinte me desesperei, queria a todo custo ser usada, tentei transar com os ursinhos de pelúcia do quarto, mas alí nada parecia ser másculo. Foi quando, em desespero, joguei-me da janela do quarto...


Porém fui salva por um bêbado que passava, que levou-me para um bar. Lá, me pôs ao seu lado a conversar; abraçou-me, chamou-me de querida Lucila, deu-me bebida, apresentou-me a seus amigos. Foi quando fui puxada para dançar. Dancei a noite inteira, maravilhada.
Ao fim da noite o velho levou-me para casa, bêbada. Ao chegar, pôs-me na cama, nua, como eu estava. Verificou meu corpo; examinou todos os meus orifícios, e por fim enfiou a boca entre minhas pernas. Dei um leve sorriso, pois parecia que finalmente era desejada; mas, para minha surpresa, o velho apenas assoprara em minha válvula, dizendo-me:
— Vou enchê-la mais, para amanhã repetirmos novas danças pagas.
Passei a frequentar o bar todas as noites, dançando, rodopiando ou sentada ao balcão sempre com um copo de bebida na mão. Foi quando três bêbados solteirões me compraram, e finalmente me apresentaram a um mundo novo de aventuras e sexo sem fim.


Transei à três...



Em público...



Fiz sexo com um pepino...


Transei no mar...


E até participei de orgias com outras bonecas...


Mas descobri então que sexo sem amor não era nada. E mais uma vez o destino me apanhara de surpresa: conheci John, a quem podia dizer que amava.



Porém mais uma vez o destino cobraria por meu passado: Estando desgastada por uma vida frívola espoquei fazendo amor com John sobre as pedras de uma praia.


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