quinta-feira, 17 de abril de 2014

CONTO: A GUEIXA (reeditado) (de Bosco Silva)



UM HOMEM E UMA MULHER VESTIDOS COM TRAJES TÍPICOS japoneses entram na sala decorada com motivos japoneses.
Um pequeno público de convidados os observa sentados em um grande tatame, sob uma leve penumbra que preenche o lugar, aromatizado por doce perfume de flores e ervas.
Ela vestida com um estampado quimono de seda; ele com um quimono de cores sóbrias.
O narrador explica que o que irão ver é um segredo milenar guardado sob sete chaves: o antigo modo japonês de testar a virgindade de uma mulher.


Ela é uma autêntica gueixa. E, como toda gueixa, foi educada desde menina para agradar ao seu futuro senhor de todas as formas possíveis, estando pronta a se sacrificar apenas para lhe proporcionar pequenos prazeres. Ele é um descendente de japoneses, que mandou buscá-la do Japão a fim de testá-la de todas as maneiras possíveis, principalmente sua dedicação e lealdade antes de desposá-la, onde a virgindade torna-se imprescindível.
A mulher se senta sobre o corte de uma larga tora de madeira no centro da sala...
Neste momento, o homem que narra a cena explica que, caso a virgindade não seja comprovada, seu senhor poderá matá-la por desonrá-lo, e a família ainda dará o dote, uma grande quantia em dinheiro por crime de desonra.
O homem de quimono põe uma das mãos entre as pernas da mulher, e a apalpa com os dedos. Delicadamente, sente suas entranhas... Aparentemente, nenhum sinal é dado a favor ou contra sua honra. Em seguida, a despe. Ele apanha uma fina corda e a amarra, entrelaçando-a com complexos nós por todo o corpo. Logo após, a suspende por meio de roldanas suspensas no teto.



O narrador explica que o que estão vendo é o shibari, uma atividade derivada de uma antiga arte de tortura e dominação japonesa, chamada hojojutsu.
Passados alguns minutos, a mulher continua impassível, entrelaçada entre apertados nós.
O homem a penetra, apoiando-se em seu corpo, comprimindo ainda mais os nós em seu delicado corpo feminino.
Em seguida, a solta. Seu corpo está tomado pelas marcas da corda. Ele a toma pelas mãos e a põe de quatro, com a cabeça sobre o cepo de madeira, enquanto, surpreendentemente, apanha uma longa espada.
O ambiente torna-se tenso.
Ele a penetra novamente, desta vez de quatro, esticando seu delicado pescoço sobre o cepo, com os longos cabelos esticados perpendicularmente sobre o mesmo.
Ele então empunha a espada acima da cabeça com as duas mãos... O público se alarma, respirações tornam-se ofegantes. O narrador comenta: “É agora. Seu veredito será finalmente dado”.



A atmosfera torna-se angustiante e macabra ao mesmo tempo.
O homem com a espada empunhada move-a no ar em direção ao cepo, em meio a um grande grito...
Gotas de suor deslizam dos rostos do público, que olham atônitos para a cena, enquanto alguns esboçam leves sorrisos...
A espada, finalmente, encontra o cepo, cortando os longos cabelos femininos. O homem os pega e enrola-os ao redor do fino pescoço da jovem mulher e a enforca, com força, puxando-os como rédeas, estrangulando-a enquanto ainda a penetra. A jovem gueixa se agita convulsivamente, contraindo os músculos de seu corpo e de sua vagina, oferecendo ao seu amo muito mais prazer com isso.



Ele finalmente goza, soltando vagarosamente os cabelos do pescoço da mulher, suspendendo as mãos e o rosto para cima, em posição de triunfo. Ao virar para o público, seu quimono está manchado de sangue.

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