terça-feira, 10 de setembro de 2013

ESTRANHOS PRAZERES (de Bosco Silva)



Este conto é inspirado na vida de Tereza Brant, que de uma bela mulher tornou-se um belo homem.
Havia alguns meses que Danilo não se encontrava com Roberto, amigo de longa data, devido a estas tarefas da vida que nos faz afastarmos de quem amamos.  Porém, naquele dia, Danilo resolveu visitá-lo, encontrando-o em sua casa em plena tarefa doméstica.
- Estás solteiro novamente? - inquiriu Danilo vendo o amigo estendendo as roupas no varal como um solteirão solitário.
- Ainda não.
- Então, continuas com a Joana?
- Deixei-a, já faz alguns meses.
- Pensei que estivesse solteiro, pois é a primeira vez em anos que o vejo a estender suas roupas.
- Não são minhas, não.
- Ah então moras com um amigo? E deve ser um grande amigo já que estás a estender suas cuecas! - disse o amigo desconfiado.
- São do meu amorzinho.
Nesse momento Danilo assustou-se:
- Não acredito Roberto que te tornaste viado!
Roberto pôs-se a rir.
- Ainda não cheguei a tanto.
- Então de quem são?
- São da Têtê.
- Têtê?
- Tereza. É que ela prefere cuecas, sabe como são as mulheres.
Danilo achou estranho mas não repreendeu tal gosto; pois lembrou-se que sua mulher sempre reclamava de suas peças íntimas, dizendo que marcavam e apertavam em demasia. Levantou-se então e foi em direção de algumas fotos que estavam sobre um móvel.
- Vejo que é uma mulher bastante atraente - disse com uma das fotos na mão.
- Não é ela não.
- Então quem é.
- É uma das namoradas dela.
- Dela?!
- Bem... - disse Roberto enxugando as mãos e indo sentar-se ao lado do amigo -, Tereza é lésbica.
- Lésbica! Pera lá deixa ver se eu entendi bem - exclamou Danilo confuso. - Então você mora com uma mulher que gosta de mulheres?
- Sim, não pude evitar, temos os mesmos gostos: torcemos pelo mesmo time, gostamos do mesmo tipo de mulher e da mesma cerveja, e até calçamos o mesmo número de sapato!
- E o fio-terra, hein? - disse Danilo com risadas.
- Estas são sempre opiniões de quem nunca comeu uma lésbica...
- E como é o sexo entre vocês?
- Como qualquer sexo entre homem e mulher.
- Mas como pode uma lésbica se relacionar com um homem, Roberto?
- Bem, como qualquer mulher. E assim como nem todas dão por puro prazer, Tereza também; há outros interesses...
- Outros interesses!, sei - repetiu Danilo balançando os bolsos. - Bem, mas seja como for, me parece ser problema seu. - Mas conte-me o que o levou a se relacionar com uma lésbica?
- Quando Joana me deixou descobri que o ciúme fora o grande motivo, pois ela sempre atraia olhares com sua beleza; o que me aborrecia. Desejava que ela fosse bela sem atrair tantos olhares masculinos. O que me parecia impossível.
- Sei.
- Mas quando vi Tereza descobri que, sim, que isto era possível já que ela atraia apenas olhares de mulheres.
- E como a conheceste?
- Cantamos a mesma mulher juntos um dia durante uma partida de futebol. Não pude, ao vê-la assobiar por aquela mulher, recriminá-la por ter bom gosto. E quando a vi com a mesma camisa do meu time preferido, me apaixonei por ela no mesmo instante. Convidei-a então pra sair.
- Sei... sei...
- Sabe, cantar uma lésbica não é apenas cantar um mulher, é sedução à segunda potência; é um duplo desafio, e tu sabes que eu sempre gostei de desafios. Além disso, há outras vantagens...
- Que vantagens, Roberto?
Nesse instante Tereza chega com uma bela mulher.
- Sempre dividimos nossas conquistas.


 
TEREZA ATUALMENTE

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