domingo, 8 de setembro de 2013

CONFISSÕES DE UM LADRÃO DE CALCINHAS (Por Bosco Silva)



Baseado na história de Vladimir Fomin, o russo que se recusa em vestir-se com roupas masculinas.

SE VOCÊS QUEREM MESMO SABER como tudo começou, então terei que lhes contar desde minha infância, desde o início deste hábito, que é minha alegria e também tem sido minha perdição...
Desde muito cedo descobri as vantagens de ser criança: adorava ver as mulheres mudarem de roupa na minha frente; sentia-me um privilegiado; e mesmo estando com minha mãe e suas amigas, era normal entrar no vestiário feminino quando estas entravam para experimentarem suas roupas novas; ficava lá, sentadinho, com o queixo sobre os punhos olhando seus trejeitos, ouvindo suas conversas e, principalmente, vendo-as desfilarem com suas peças íntimas. Levantava-me e podia ver bem de perto, de pertinho mesmo. E como se não fosse bastante vê-las na intimidade a trocarem de roupa, ainda ganhava carinho e balas. Ah, se elas soubessem em que tudo isto daria... Talvez tivessem evitado estes estímulos. De qualquer forma, esta curiosidade me acompanhou por todo este período.

VLADIMIR FOMIN COM VESTIDO TIPO PIRIGUETE
Por fim, veio a adolescência, esta idade púbere, que também não escaciaria em descobertas. Entreguei-me então intensamente as atividades solitárias, quando descobri, casualmente, uma destas revistas de mulheres peladas, sobre a pia do banheiro; era de um tio que havia esquecido desta durante o banho. Neste dia, quando o maldito me pegou em tal ato, disse-me que não parasse, pois se parasse eu desmaiaria. Eu, confiante em sua autoridade e experiência, fiquei horas a fio em tal ato, com o braço já cansado, esgotado e dolorido, até que o degenerado, rindo, disse-me que tudo era apenas brincadeira. Mas, malgrado o susto, passei então a dedicar-me, incansavelmente, todos os dias, a tal atividade. Até que um dia algo estranho me aconteceu: notei que meu braço direito tornara mais grosso que o esquerdo. Isto me levou a um silencioso desespero, pois pensei que tal ato estava me levando a aleijar-me. Passe então a usar sempre camisas de mangas compridas. Então, como um gênio no assunto, um dia descobri a solução: passei a usar minha mão esquerda, minha bendita mão esquerda, a salvadora! E logo passei a dominá-la com enorme destreza. Confesso que me ajudou muito nas aulas de violão. Foi também nessa época que passei a nutrir um sonho...

VLADIMIR MAIS A VONTADE,
DEIXANDO AS COISAS MAIS AREJADAS 
Quando descobri por meio das conversas de minhas tias que havia uma profissão que se dedicava apenas as mulheres, passei a nutrir o sonho de ser ginecologista. Isto mesmo sonhava ser um desses profissionais que estudam tanto apenas para poderem bolinar as mulheres dos outros. Queria ver todas aquelas mulheres nuas e de pernas abertas para mim, pois se todo profissional, como também diziam minhas tias, deve adorar o que faz, eu preferia passar o dia olhando o que mais amava naquele momento: vaginas de todos os tipos e tamanhos: brancas, pretas, vermelhas e pardas. Mas isto foi logo esquecido quando conheci a garota que, neste período, passou a chamar bastante da minha atenção na escola.
Ela tinha os cabelos negros um pouco abaixo das orelhas, os lábios grossos, bem vermelhos e delineados, o nariz bem arrebitado e afilado, os dentes da frente separados por uma pequena fenda, que lhe conferia um sorriso maroto, um sorriso mesmo de garota danada, que estava pronta a fazer qualquer estrepulia. Os garotos de escola logo passaram a chamá-la, curiosamente, de borboletinha. Eu lhes perguntava o porquê de tal apelido, mas eles nunca diziam, somente riam entre si, dizendo a mim que se eu queria mesmo saber o motivo tinha que descobrir por mim próprio.

VLADIMIR COM AS FILHAS
Este segredo os fazia sentirem-se especiais, pareciam com uma pequena sociedade secreta. Tentei várias vezes descobrir o segredo com aquela que passou aos poucos ser uma obsessão para mim. Procurei aproximar-me dela aos poucos. Passei segui-la durante a saída do colégio até sua casa, mas faltava-me sempre a coragem de abordá-la. E não raro, fora do horário de colégio, ia para frente de sua casa na esperança de vê-la por alguns instantes no portão ou na janela, mesmo que fosse por apenas alguns minutos ou mesmo por míseros segundos. Enfim, como já devem ter adivinhado, eu estava, pela primeira vez em minha vida, apaixonado. Sim, por aquela que era a fonte do tal segredo, que aos poucos cada vez mais me atormentava, até mesmo em sonhos. Passei a sentir os intensos sentimentos da paixão: o coração batendo rápido, a mão fria e úmida, a respiração ofegante, quando a via.  E após várias tentativas de me aproximar algo bom aconteceu...
Ao subir no ônibus, apressado, sento-me sem reparar ao lado daquela que aos poucos invadia minha alma. Ela puxou momentaneamente conversa comigo, e eu sempre monossilábicamente lhe respondia. Isto, intencionalmente, tornou-se para mm um hábito, e aos poucos passei ganhar cada vez mais segurança e, consequentemente, mais prolongava a conversa, até que, finalmente, cheguei ao ponto de convidá-la a sair.

VLADIMIR  COM UM MODELITO MAIS OUSADO
No dia marcado, arrumei-me do melhor modo possível, ansioso para agradar-lhe em todos os sentidos. Esperei ansioso por sua chegada à praça combinada. Desejava demonstrar-lhe o quanto apreciava sua companhia, o quanto lhe adorava. Até que ela chegou acompanhada por um rapaz que ficou sentado bem ao seu lado. Durante a conversa reparei que ele tocava em seu joelho com a mão, pensei então “é um amigo”. Mas com o tempo ele passou a botar levemente a mão em sua coxa, pensei ainda otimista “é uma amigo íntimo”. A conversa fluía amistosamente, quando o sujeito pôs o braço entorno do pescoço dela, e ainda otimista e esperançoso, pensei “é um amigo muito íntimo”. E quando o vi beijá-la no rosto, repeti mentalmente, várias vezes, “é um amigo muito, muito íntimo”. Mas minha alegria durou bem pouco tempo quando vi o tal sujeito, finalmente, beijar-lhe a boca; já não podia mais disfarçar de mim mesmo, e pensei desolado “sim, é seu maldito namorado”. Senti como se o chão sumisse sob meus pés; sentia-me caindo em um buraco fundo; tudo ao meu redor pareceu crescer instantaneamente; tudo parecia ter ganhado mais importância que eu, naquele momento.

COM A ESPOSA

CONTINUA...

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