Confira abaixo dez histórias contadas por empregados do motel Myconos de São Paulo para o site Ig, revelando algumas confusões ocorridas e alguns fetiches de clientes.
A GOLPISTA E AMANTE DO ENTEADO
A GOLPISTA E AMANTE DO ENTEADO
“É uma loira bonita de 37
anos, você olha e não diz que é golpista. Quando a gente passa a máquina do
cartão para colocar a senha, ela cancela a operação e reimprime a anterior. Nós
chegamos, mas, na correria, às vezes passa. Ela fez isso comigo e com outras
duas meninas daqui. Fiquei revoltada. Naquele dia eu liguei para todos os
motéis da região, passei nome, RG e placa do carro. Não deu nem 15 dias e ela
fez de novo, mas em outro motel. A moça de lá ligou aqui e disse que era a
mulher que falei. Fui até lá e tive vontade de pegá-la pelo pescoço. Falei para
chamar a polícia, mas ela ficou desesperada, estava com o enteado de 19 anos,
filho do marido. Ela disse que não tinha dinheiro, aí o enteado foi até a casa
do pai, pegou o cartão do pai e pagou. O pai até ligou depois, eles falaram que
estavam no supermercado.”
O DETETIVE E A AMANTE
“Aluguei uma suíte para
um casal, um senhor e uma jovem. Aluguei a [de número] 15. Em seguida veio
outro casal, jamais imaginei que eles conheciam o do carro da frente, e, por
coincidência, aluguei a 14 para eles. A mulher da 15 então me liga desesperada
falando que tinha alguém batendo na porta, mas que ninguém havia pedido serviço
de quarto. Era a mulher do senhor tentando entrar no quarto. O detetive estava
no carro.”
O SOLITÁRIO DA XÍCARA
“Tem um que vem sempre,
ele é assim, é até constrangedor. Ele pegava uma suíte, levava um monte de
revistas pornográficas, ficava no quarto por um bom tempo e pedia o café da
manhã. Quando ele ia embora e a gente ia liberar a suíte, a gente via que ele
ejaculava na xícara, aí as meninas jogavam no lixo. Até que um dia uma ex-dona
falou para separar uma xícara, para mandar a mesma sempre. A xícara é dele
agora.”
FEZES PELAS PAREDES
“Uma vez veio um
neurocirurgião, um médico renomado de hospitais importantes. Na hora que ele
entregou a suíte, ligaram aqui. O quarto estava inteiro melado de fezes. Pedi
para a moça da limpeza falar de novo. Ela disse que tinha na parede, maçaneta,
cama, em tudo. Não tinha condições de limpar. O gerente ficou horrorizado e
falou para cobrar outra diária. O senhor ficou puto. Disse que era
constrangedor e me disse o seguinte: ‘Tenho uma reclamação a fazer. A maneira
que eu faço sexo não diz respeito a você, a ele [gerente] e a ninguém. Não
estou bravo pelo valor, estou bravo pelo constrangimento’. Falei que também era
um constrangimento para quem limpa.”
“AQUILO LÁ É MACHO!”
“Tem uma travesti que vem
aqui, ela acabou comigo nesse dia. É uma loira bonita, não parece homem, veio
com um cara, mas eu já sabia que não era mulher. Os dois foram para o quarto n°
10. Deu 12 minutos e o cara aparece aqui [a recepção] de carro, sem ela. Só que
eu não posso liberar uma pessoa sem que a outra libere porque vai que alguém
mata o outro, né? Falei para o moço que a outra pessoa não tinha liberado, ele
ficou furioso e disse que ‘aquilo lá é macho’. Depois eles voltaram para irem
embora, mas ela me deu um cartão sem senha que não era dela. Me recusei a
passar, ela começou a me xingar de ridícula, horrorosa, pobre, falou que eu não
tinha como ter o 'corpinho' dela.”
“Chamei o gerente. O
Aloisio falou que eu estava certa, mas você acha que ela discutiu com ele? Não!
Continuou brigando comigo, me xingando de baranga, idiota. No final ela
encontrou um cartão e me passou. Eu ia me vingar. O homem estava muito nervoso,
pedindo para que eu entregasse logo os documentos. Como ela tinha saído do
banco de passageiro para passar o cartão na janela, pensei em entregar o RG do
cara e abrir o portão, aí ele deixava ela aqui sozinha. No que terminou a
operação, fiz isso. O cara foi embora. Ela ficou ‘ei, ei, ei, ele me deixou
sozinha aqui’.”
“MOTEL? VOCÊ ESTÁ DE
BRINCADEIRA?"
“Ele então desce na
recepção, verde, falando que a gente tinha acabado com a vida dele, que a casa
dele tem identificado de chamadas, que não tinha pedido para transferir a
ligação. A própria amante disse o contrário, que ele pediu, sim. Fiquei brava.
Enquanto a gente fazia essa operação, a mulher, que imagino ser a esposa dele,
liga de novo e pergunta como faz para chegar aqui. Falei para ele que era
melhor correr porque tinha uma pessoa vindo para cá. Ele só falou para passar
rápido o cartão e depois saiu daqui cantando os pneus do carro.”
QUERIDA, ROUBARAM SEU
CARRO
“Teve uma mulher
rastreada pela empresa do seguro do carro. Ela veio sozinha, era jovem, tinha
21 anos, e muito bonita. Entrou ela e o amante, um jovem bonito também, para um
período de três horas. Depois chegou o carro da empresa, disseram que o veículo
do cliente deles, um senhor que estava com eles, foi roubado e estava aqui
dentro. O Aloisio foi lá e disse que poderia entrar, mas com a presença da
polícia. Veio um monte de viatura, umas sete, e aí vem a parte boa. No fim, descobriram
que essa menina era casada com o senhor e que eles tinham um filho de dois
anos. Eles brigaram, ela foi para a casa da mãe. De madrugada, ele foi para a
casa da mãe dela para reconciliar, mas a mãe não deixou ele entrar e disse que
a filha estava dormindo. Como a casa não tinha garagem e o carro não estava na
rua, ele deduziu que havia sido roubado. Sem querer ele descobriu que estava
aqui. Ela saiu do motel, pagou a conta e até falou ‘moça, que cagada’. Daqui
eles foram para a delegacia.”
“PELADINHA, COMO
NASCEU
Quem conta esta história
é Aloisio. “Me pediram para dar uma olhada na descarga que estava disparada.
Quando abriram a porta, uma menina, muito bonita, estava ali, peladinha, como
nasceu. Aí olho a pessoa na cama, um moreno, dormindo e roncando. Vou dar uma
olhada na descarga porque é ruim para a gente, gasta mais água. Estou ali
mexendo na descarga, olho para o lado e a mulher está ali, pelada. Minha
preocupação não era a descarga, era o cara acordar. Não tem explicação para dar
nessas horas, você fica sem reação.”
MORTE NO MOTEL
“A GENTE TRABALHA
MUITO, MAS SE DIVERTE”
Luciana – e Aloisio com
algumas participações pontuais – contaram todas essas histórias em um período
de poucas horas, e lembre-se que os dois trabalham no motel há anos. A
recepcionista de 37 anos reclama do preconceito que as pessoas têm com eles,
mas que nessas horas eles se limitam a fazer seus trabalhos. “Isso acontece
muito aos finais de semana, os clientes xingam a gente de vagabunda, chama para
fazer massagem. Nem ligo mais. É cansativo, mas a gente se diverte. Eu gosto de
sábado à noite, só tem gente doida, um mais louco que o outro”, afirma.
O sangue frio das
recepcionistas é necessário em situações chatas e outras nem tanto. É o caso de
atores famosos frequentando o motel. Luciana conta que alguns tentam esconder o
rosto, mesmo após entregar os documentos, mas que outros são simpáticos e dão
até autógrafos. Apesar de não ser casada, ela brinca que só perde a linha se o
marido aparecer ali com outra: “Perco meu emprego, mas não a minha dignidade”.
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