quarta-feira, 1 de abril de 2015

CONTO: UMA NOITE DE AMOR SUJO (de Bosco Silva)



HANK ACORDOU AINDA TONTO de mais uma noite de bebedeiras, daquelas! E ao sentar-se na beira da cama, sentindo os efeitos de uma noite de exageros, verificou que havia ido pra cama com uma garota que continuava dormindo ao seu lado, e que, provavelmente, teria conhecido em alguma espelunca, com quem havia enchido a cara, dividido alguns bons tragos de maconha barata, e, por fim, transado a noite inteira, feito dois cães vadios.
Levantou-se da cama, em seguida, ajeitou a cueca, que era a única peça de roupa com que costumava dormir, e seguiu para o banheiro.


Ao coçar as nádegas com os dedos, durante sua ida ao mictório, e soltar puns que haviam se acumulado durante a madrugada, reparou que lá, naquela parte de seu corpo onde a luz do sol não brilha, estava ardente e pegajoso além do costume. Pensou imediatamente em mais uma cueca freada. E implorou aos deuses para que a mulher que continuava dormindo tranquilamente em sua cama não houvesse notado tão escandaloso acidente. O que o levou, por curiosidade, a verificar o tamanho do estrago. Arriou então sua cueca até no meio das coxas e pode verificar, agachando-se, que lá não havia nem uma mancha de cor marrom habitualmente esperada, mas apenas uma grande mancha transparente e pegajosa. Sua curiosidade deu imediatamente lugar ao mais estranho horror quando notou, após cheirar o dedo levado em direção à mancha, que o que havia entre suas nádegas era o mais puro gel lubrificante. Hank ficou perplexo com aquilo. E, subitamente, sua honra de macho fora posta em dúvida por pensamentos atrozes: ALGUÉM HAVIA COMIDO SEU CU NAQUELA NOITE??? Vasculhou na memória algo que pudesse desvendar tão terrível mistério. Mas nada, nem uma memoriazinha sequer tinha ficado que denotasse este ato singular.


Olhou imediatamente para a mulher que continuava a dormir sobre a cama. Pensamentos ferozes mais uma vez inundaram-no com terríveis dúvidas: seria mesmo uma mulher? Decidiu então verificar. Levantou o lençol sobre o corpo dela, verificando que a suposta mulher estava nua com um dos seios à mostra, porém uma de suas coxas, cruzada, cobria sua genitália.


Hank decidiu chamá-la dando-lhe leves tapas em seu rosto. Foi quando a mulher, repentinamente, respondeu com um sonoro e, o pior de tudo, com o mais grave tom de voz que ele já havia ouvido. O que foi suficiente para Hank suspeitar tratar-se de um travesti. Sim, de um maldito travesti que lhe havia penetrado com seu membro naquele que se considerava o homem mais másculo de todo o planeta; uma maldita boneca que deve ter se aproveitado de sua embriaguez para cometer tal crime; e estando Hank tão bêbado na última noite jamais suspeitaria sequer que na verdade fora um travesti que havia levado para casa. Mas, após ruminar por alguns segundos, acalmou-se ao reconhecer que, ao acordar, todos nós temos vozes graves e roucas. Tomou então coragem e decidiu separar aquelas duas coxas grossas e acabar de uma vez com as dúvidas, coxas que, independente de ser o que fosse, tinha que admitir, eram duas coxas por demais atraentes. Segurou com a mão um dos tornozelos, distanciando pouco a pouco uma perna da outra. Foi quando a suposta mulher virou-se de bruços, revelando a mais bela bunda que Hank havia visto e, o mais importante de tudo, naquele momento, uma delicada vagina que se comprimia sob dois belos montes traseiros. Hank suspirou aliviado, tranquilo dentro de sua honra renovada de macho, antes que um novo pensamento mordaz o inundasse completamente a alma: então quem o havia penetrado? Foi quando algo lhe chamou atenção. Em meio a cigarros e garrafas vazias de cervejas sobre a cama, um enorme vibrador reluzia sob a luz de final de tarde que ainda teimava entrar pelas janelas do quarto. 


Hank tomou o objeto em suas mãos, assustado, e pode verificar que ainda continuava coberto por um líquido pegajoso, para logo confirmar, horrorizado, que se tratava do mesmo gel lubrificante que ainda fazia grudar sua cueca em suas nádegas. Hank não queria acreditar, mas tudo parecia indicar que havia sido penetrado pelo mesmo objeto, que parecia sorrir de sua desgraça.   
Continua...       

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