sábado, 4 de abril de 2015

CONTO: ISAURA, UMA ESCRAVA BRANCA



Leôncio era o típico filho das ricas famílias de um Brasil imperial de final de século XIX, que haviam enriquecido com a exportação do açúcar oriundo de grandes plantações de canas-de-açúcar, nascidas das extensas e férteis terras brasileiras; plantados e colhidos por calejadas mãos escravas, acorrentadas em salubres navios negreiros e vindos do velho continente africano; e como grande parte dos filhos de famílias ricas da época, o rapaz havia sido mandado desde o final de sua infância para Portugal, para a universidade de Coimbra, para estudar medicina. Porém, o que seu pai, o exigente comendador Almeida, não sabia era que seu único filho havia se mudado para Paris, então a capital do mundo, onde todas as formas de prazeres licenciosos encontravam seu centro.

Garotas francesas dando boas vindas aos frequentadores de bordeis
Leôncio passara a trocar as horas dedicadas aos livros e as aulas da grande arte de Hipócrates aos luxuriosos e delirantes bordeis de Paris. Não sendo incomum achá-lo nos horários dedicados aos estudos não entre livros, mas entre duas ou mais raparigas nuas em alguma das dezenas de casas dedicadas ao meretrício que se espalhavam pelas ruas da festiva Paris.

Leôncio em uma hora dedicada a uma aula  particular de anatomia
Leôncio dizia-se mais interessado em corpos vivos e sadios das moçoilas que vinham de toda parte da Europa do que dos cadáveres pútridos e fétidos das aulas de anatomia.
Ele, como um bom dândi, se dedicava com afinco a todas as formas de prazeres, desde os prazeres intelectuais da mais libertina literatura francesa, passando pelos prazeres da boa mesa, aos etílicos embalados por fartas doses de absinto. E de todos os prazeres, os licenciosos eram os que mais o agradava.
À noite, reunia-se com amigos em bando, portando garrafas de bebidas, cantarolando ou entoando poesias obscenas juntos de seus amigos Baudelaire, Rimbaud e Verlaine, poetas, que assim como ele, eram vistos com maus olhos por aquela sociedade que, falsamente, parecia nadar na mais pura virtude, mas que, como eles, sob o cair do espesso véu da noite, subiam as estreitas ruas de Paris, indo a algum novo bordel que, entre os vários frequentados todas as noites, não havia sido frequentado na noite anterior. E ao entrar em cada prostíbulo Leôncio consultava a cafetina sobre a existência de “carnes novas”, forma com que se referia as meninas ainda na idade impúbere que ele tanto adorava. Mas entre polacas, inglesas, portuguesas, francesas... Leôncio tinha verdadeira predileção por negras, que ostentavam um atributo particular que tanto lhe agradava: grandes e fartos traseiros.


Dizia que era uma qualidade que faltava às brancas europeias; e nisso julgava-se um verdadeiro connaisseur em tal matéria.
Por isso, não é de admirar a grande surpresa que lhe apossou a alma ao retornar ao Brasil, a fim de casar-se com Malvina, moça de rica família que lhe havia sido prometida, e ver em que bela mulher havia se tornado Isaura, a escrava branca, que ainda era uma menina quando havia deixado a casa paterna.
Isaura possuía cabelos pretos como as asas da araúna, que soltos e fortemente ondulados se despencavam caracolando pelos ombros em espessos e luzidios rolos; o colo donoso e do mais puro lavor sustentava com graça inefável o busto maravilhoso; e uma cintura tão fina quanto a do pilão, instrumento que suas irmãs, não de cor, mas de alma, esmagavam os alimentos que serviriam a seus patrões; e as nádegas, ah as nádegas de Isaura!, Isaura tinha nádegas volumosas e rígidas como da mais pura das negras, cujo volume a pesada indumentária, de fina dama, não conseguia esconder por completo. Tanto que logo havia despertado o desejo de Leôncio, que havia visto em tais atributos a mulher ideal aos seus caprichos libertinos. Porém, o que não nos contam as crônicas da época é que por trás do mais ingênuo sorriso e do rosto angelical de menina se escondia uma mulher capaz das mais ardentes paixões noturnas: Isaura queimava de desejos à noite em seu quarto sob labaredas da mais pura luxúria e paixão. O que a obrigava a sair às escondidas sob o véu da noite e se entregar aos negros da senzala. E se Leôncio amava nádegas de negras, Isaura tinha verdadeira paixão por negros de membros avantajados.
Isaura entre dois negros de membros avantajados

Continua...
        

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