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M MEIO AO SOM ENERVANTE, que
preenchia todo o ambiente, dois amigos discutem sobre um assunto instigante,
ocorrido a alguns dias atrás: sobre o possível ou não estupro de uma de suas
amigas, feito por um deles.
- Então, você a comeu? –
disse Francisco.
- Sim, levei-a para casa,
bêbada. Ela ao mandar os braços sobre os meus ombros, quando a pus na cama,
parecia que queria!; então, tirei-lhe as roupas e a penetrei – respondeu-lhe
Alexandre.
Na mesa, bem ao fundo da
boate, podia-se ver a figura tímida de Alexandre, jovem estudante de passado
irrepreensível, com uma personalidade e afinco aos estudos de fazer inveja a
qualquer mãe, tendo à sua frente a figura pomposa, e com não menos afinco aos
estudos, porém com um passado e personalidade não tão irrepreensível assim de
Francisco. Dir-se-ia mesmo, os mais íntimos, que Francisco possuía uma
personalidade estranha, que parecia saber, e antecipar, os pensamentos de todos
aqueles que contornavam sua vida. Ele estava sempre a observar suas fraquezas,
suas indecisões e falhas...
- E ela, ao acordar,
percebeu?
- Sim, claro, pois
percebeu que estava sem roupa ao meu lado.
- Ela então reclamou?
- Sim, chamou-me de
estuprador, um dia, quando estava bêbada comigo na rua.
- Um dia quando estava
bêbada na rua!? - repetiu Francisco, admirado.
- Sim.
- Tudo bem, tudo bem. Por
que então não botaste as roupas de volta no lugar, no corpo dela?
- Não sei. Parece-me que
no fundo eu queria que ela soubesse disso.
- Cara, que mancada! Você
tinha pelo menos posto as roupas de volta, vestindo-a. Ou tinha dito à ela que
ela tinha se oferecido... Caramba, então você comeu a Cris! Ela sempre foi
bastante desejada!
- É. E o estranho é que
após a primeira vez, houve outras.
- Pera lá... Quer dizer
que após tu comer ela pela primeira vez, sem ela permitir, houve outras vezes
ainda?
- Sim, continuamos a sair
juntos. E todas as vezes que ela ia pra casa, bêbada, eu a comia.
- E ela sempre sabia
disso?
- Sim, pois sempre
acordava nua.
- Que doidera, cara!
- E então, foi estupro?
- Não, isso não pode ser
considerado estupro, Alexandre. Parece que havia entre vocês um acordo, já que
ela estava sempre de volta, mesmo sabendo o que havia ocorrido antes, e podendo
prever o que aconteceria depois. Ela trocava segurança e conforto com você, por
sexo inconsciente no final da noite.
Nesse momento, Francisco
se aproxima mais, e lhe diz:
- Todos nós temos um
ponto fraco, Alexandre. E tudo aquilo em que demonstramos excessivo interesse,
torna-se um ponto fraco. Um modo em que podemos ser dominados. Assim, basta
apenas descobrir a grande vontade de alguém para dominá-lo; e a Cris sabia de
seu ponto fraco: que você a desejava... Queres um exemplo? Tá vendo aquelas
duas garotas alí, afrente?
- Sim.
- Que tal você chegar com
elas, e convidá-las para dançar.
- Não, isso não dará
certo – disse Alexandre timidamente -, elas me mandarão embora.
- Vá, pelo menos tente,
vamos!
Alexandre se aproxima das
moças; troca algumas palavras e volta imediatamente.
- Eu não disse? Sabia que
não iria dar certo.
- Calma, você não tentou
todos os trunfos ainda – disse Francisco; em seguida, indo em direção à elas.
Francisco fica a
conversar por alguns minutos com elas; voltando, em seguida, para o lado do
amigo.
- E aí? – perguntou Alexandre.
- Verás...
Minutos depois, as duas
moças se aproximam de Alexandre, perguntando por seu nome:
- Você que é o Alexandre?
- Sim.
- Gostaríamos muito de
lhe conhecer.
Após vários minutos de
conversa e alguns beijos, Alexandre pergunta ao amigo:
- Cara, como
conseguiste?!
- Lembre-se - disse
Francisco -, todos nós temos um ponto fraco! E tudo aquilo em que demonstramos
excessivo interesse, torna-se um ponto fraco. Um modo em que podemos ser
dominados. Então, disse a elas apenas o que elas queriam ouvir: que são lindas
e que você é um fotógrafo em busca de novas modelos!!!
FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA, o "Maníaco do Parque", torturou, estuprou,
matou, várias mulheres. “Após ser
capturado pela polícia, o que mais impressionou as autoridades foi como alguém feio,
pobre, sem muita instrução, não portando revólver ou faca, conseguiu convencer
nove mulheres, algumas até de classe média-alta e nível universitário, a subir
na garupa de uma moto e ir para o meio do mato com um homem que tinham acabado
de conhecer. O criminoso explicou: Bastava falar aquilo que elas queriam
ouvir”.
“Francisco cobria todas
de elogios, se identificava como um fotógrafo de moda de uma revista importante
procurando novos talentos, oferecia um bom cachê e convidava as moças para uma
sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma oportunidade única,
assim, as conquistava.” Após ser preso, Francisco recebeu inúmeros convites de
casamento.
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