sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A BUNDA, QUE ENGRAÇADA (de Carlos Drummond de Andrade)



A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.


Para continuar lendo o texto clique no link abaixo:







Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora — murmura a bunda — esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.





A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.





A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.






Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.





A bunda é a bunda
redunda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poderá também gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...