quarta-feira, 7 de agosto de 2013

SEXO ANAL E PROIBIÇÕES MORAIS (Por Bosco Silva)



Um blog como o INFERNO DE SADE que tem como filosofia a busca do autoconhecimento por meio da sexualidade, vista como algo que não se resume apenas ao ato sexual, mas sim a toda forma de sensibilidade que tenha como objetivo o contato mútuo entre dois corpos, duas mentes (ou mais), ou mesmo de uma pessoas consigo própria, com a finalidade de conhecer desejos, carências, medos, etc. do outro e de si próprio, irá, sempre esbarrar em preconceitos e tabus; e, claro, também com a maior fonte de preconceitos e tabus de hoje e de sempre: a RELIGIÃO.

Por isso todo discurso moralista que se prese tem a religião, com toda sua carga de proibições e preconceitos, como base de seus argumentos. Assim quando o assunto é homossexualidade, logo ouvimos um:
Sou contra a homossexualidade porque deus criou homem e mulher, para que, como casal, se reproduzissem”.

O que pessoas com tal opinião não veem, ou não querem ver, é que argumentos baseados em preconceitos não explicam a realidade; e, como no caso acima, não servem de modelo para nenhuma divisão correta de gêneros sexuais, já que não leva em conta um importante fenômeno, relativamente comum, que destrói seu argumento, o HERMAFRODITISMO, que é a característica que algumas pessoas possuem de portarem os dois sexos no mesmo corpo. O que o torna, por sua vez, um gênero diferente dos anteriores.


E como classificar alguém que nasceu com os dois sexos em uma das categorias, isto é, como homem ou mulher? Como determinar quais as características mentais que irá determinar que o indivíduo se adaptará melhor a um órgão mais que a outro, na hora de uma eventual operação? E a mais importante pergunta: se podemos nascer com dois órgãos sexuais, por que não poderíamos nascer com características mentais dos dois sexos, ou com desejos sexuais direcionados para pessoas do mesmo sexo que nós?

Do mesmo modo, quando se fala em sexo anal logo todo um aparato religioso se junta como forma de demonstrar, às vezes com argumentos pretensamente científicos, assim como no caso da homossexualidade, que as proibições morais quanto a ele estão corretas.

O vídeo, abaixo, é um bom exemplo disso. Nele a psicóloga ESPÍRITA, Anete Guimarães, discorre sobre o sexo anal; e por meio da fisiologia, anatomia e de doenças do corpo humano, sustenta que o sexo anal não apenas é anormal, antinatural, como prejudicial à saúde, tanto para casais héteros quanto homossexuais. Para tanto ela se baseia em sua experiência passada com pacientes homossexuais masculinos em fase terminal devido a AIDS.


SEXO ANAL E ENDOCARDITE BACTERIANA
No vídeo, ela nos conta que durante seus trabalhos acadêmicos de classificação das principais doenças oportunistas em doentes com AIDS, se deu conta de que todos os 120 pacientes do hospital em que trabalhava, tinham ENDOCARDITE BACTERIANA, que é a colonização das válvulas do coração por bactérias. Então ela pensou que se devia a AIDS, mas um professor orientou-a a fazer a mesma pesquisa em outros pacientes também imuno-depressivos, porém não aidéticos. Descobriu então que nenhum destes possuía a doença, mesmo sendo imuno-depressivos, como os aidéticos. O que a levou a descobrir que a origem para tal doença, era as práticas passadas de sexo anal que os pacientes com soro positivo possuíam em comum, pois o rompimento da mucosa intestinal durante o ato sexual possibilitava a passagem de bactérias intestinais, via corrente sanguínea, e desta, ao coração. Concluindo, com base nisso, que o sexo anal, tanto em homens quanto em mulheres, é algo prejudicial à saúde, pois produz ENDOCARDITE BACTERIANA.

RESPOSTA:
O preconceito de Anete se dá na generalização e na omissão de importantes dados, causando erros em seu argumento, como:
1. Ela previamente associa, sem dar nenhuma explicação, todos os 120 pacientes com AIDS à homossexualidade e, por sua vez, como praticantes de sexo anal; o que é um erro - que apenas um forte preconceito pode explicar tal generalização - já que se pode contrair o vírus da AIDS por outros meios também, como transfusão de sangue; por uso comunitário de materiais cortantes, como tesouras e pinças etc.
2. Não há, por parte dela, nenhuma explicação se os outros pacientes, não-aidéticos, mas imuno-depressivos, não eram homossexuais, nem praticavam sexo anal. O que era importante frisar para seu argumento.
E o mais importante:
3. Ela não explica que ENDOCARDITE INFECCIOSA tem também como uma de suas origens Infecções dentárias, que é uma de suas principais causas. Portanto, ela não explica quantos destes portadores de AIDS, possuidores de ENDOCARDITE INFECCIOSA, tiveram infecção dentária como a origem da doença e não o puro e simples sexo anal.

MULHERES NÃO SENTEM PRAZER POR MEIO DO SEXO ANAL
No vídeo, Anete também argumenta que, por não haver terminais nervosos de sensibilidade no reto, as mulheres não sentem nada a não ser dor praticando sexo anal; e que sendo esta sua condição apenas o prazer sádico de seus parceiros faria com que estas preferissem tal atividade a usufruir de seu órgão próprio de reprodução.

RESPOSTA:
Aqui, novamente, Anete comete algumas generalizações indevidas e incoerências, como:
Se não há terminais nervosos de sensibilidade no reto como é possível a dor, já que esta está ligada a esses mesmos terminais nervosos?;
E se estes órgãos produzem dor também são capazes de produzir prazer, logo o sexo anal pode, sim, embora certamente não seja o caso de todas as mulheres nem todos os homens, produzir prazer.
Ela também não parece ligar para a crescente popularização do sexo anal, com crescente depoimentos de mulheres em favor de tal atividade, em uma época em que as mulheres possuem maior direito e liberdade em relação a seus corpos e ao prazer sexual.
Por outro lado, Anete parece viver em uma época contrária, em que a mulher ainda tem seu prazer excessivamente subjugado por seus companheiros, e em que o sexo ainda é visto apenas como atividade de reprodução.
  

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