quarta-feira, 8 de maio de 2013

RESENHA DO LIVRO "A FILOSOFIA NA ALCOVA" DO MARQUÊS DE SADE (por Bosco Silva)



Esta obra de Sade, publicada clandestinamente em 1795, apresenta uma mistura inusitada para os padrões da época e mesmo para os de hoje, ela mistura filosofia e pornografia gerando algo tão explosivo quanto nitroglicerina. O livro trata de um tema que era comum à época, a educação de jovens. Tema explorado literariamente por escritores como Rousseau e Goethe, mas que Sade subverte introduzindo uma verdadeira pedagogia da libertinagem.
O livro é dedicado a todos os libertinos, os únicos que serão capazes de compreender seu autor:
 “Voluptuosos de todas as idades e de todos os sexos, é a vós somente que dedico esta obra; alimentai-vos de seus princípios que favorecem vossas paixões; essas paixões que horrorizam os frios e tolos moralistas, são apenas os meios que a natureza emprega para submeter os homens aos fins que se propõe. Não resistais a essas paixões deliciosas: seus órgãos são os únicos que vos devem conduzir à felicidade”.



A obra tem como tema a educação da jovem Eugênia, uma moça recém-saída de um convento, à filosofia libertina, por três experientes libertinos, a devassa madame de Saint Ange, o libidinoso Senhor de Mirvel, seu irmão, e o cínico Domancé. Para tanto, primeiro a ensinam a conhecer por si próprio seu corpo, e o corpo do outro, tanto feminino quanto masculino. E em seguida, a obter prazer por meio destes. E durante a descoberta do prazer sexual, são proferidos argumentos filosóficos por meio de perguntas e respostas entre discípula e mestres. E afim de descondicionar a discípula e torná-la apta a absorver seus conhecimentos, tal pedagogia assume a aparência de uma FILOSOFIA DE CHOQUE, em que, por meio do chocante e do grotesco, o homem descobriria a liberdade, quebrando restos de moralidade e religiosidades, que atrapalham tal aprendizagem; para tanto, tais libertinos são levados a praticarem sexo grupal, homossexual, incestuoso e a proferirem blasfêmias, bem como a darem exemplos de sexo bizarro, praticados por eles, e também de costumes sexuais e morais de outros países, que embora respeitados e considerados sábios nestes países, seriam odiados e tachados de criminosos em sociedades cristãs, exemplificando a inferioridade e relatividade das leis humanas perante à universalidade das leis da natureza, as únicas que devem ser seguidas. 
E finalmente, como não poderia faltar ao estilo chocante de Sade, a discípula prova que absorveu o conhecimento de seus professores, torturando, perante os próprios mestres, a própria mãe, praticando nela atos libidinosos, e permitindo até mesmo que esta seja estuprada por um empregado infectado pela sífilis antes de ter a vagina costurada, a fim de facilitar o contágio.

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